Valorização Imobiliária: O Papel da Certificação Energética
Há 16 anos que fazemos a certificação energética de edifícios em Portugal. Por isso, já é tempo suficiente para fazer uma avaliação do impacto do certificado energético na valorização de imóveis para venda ou arrendamento. Vale a pena melhorar a eficiência energética da sua casa antes de vender? Vai recuperar esse investimento? Ou será que ninguém liga? Veja o que dizem os estudos.
O que é o certificado energético?
O certificado energético é um documento obrigatório tanto para vender como para alugar um imóvel. O objectivo do certificado energético é estimar a quantidade de energia necessária para aquecer a sua casa e as águas sanitárias durante todo o ano. Por isso, há uma série de factores que os peritos designados pela ADENE (Agência para a Energia) têm em consideração para emitir o certificado energético.
Algumas das variáveis não dependem de si, como a orientação solar, o confrontamento da casa (isto é, se há outras habitações por cima e por baixo ou, pelo contrário, se é um terraço, uma fracção comercial, etc) e a espessura das paredes do prédio. No entanto, há outros aspectos a ter em conta que podem influenciar a eficiência energética da sua casa, como a eficiência das janelas e o isolamento pelo interior.
A escala da classe energética vai do A ao F, sendo A a classe mais eficiente e F a menos eficiente. Segundo a ADENE, a maioria das casas portuguesas são classe D (23.3%), seguido da C (22.1%). Geralmente, só as casas novas é que conseguem as classes energéticas superiores. A propósito, veja aqui o preço do certificado energético.
O que fazer para melhorar o certificado energético da sua casa?
Se a sua casa já tem um certificado energético, só tem de seguir as recomendações do profissional para melhorar a classificação energética do imóvel. No entanto, se ainda não pediu o certificado energético, pode fazer algumas melhorias para ter logo uma boa classificação. Tendo em conta os parâmetros que a ADENE tem em consideração, estas são algumas das nossas sugestões para melhorar as casas com certificado C, D, E e F:
instalar janelas de alumínio com corte térmico;
preferir janelas com vidro duplo ou vidro triplo;
colocar uma segunda caixilharia para ter janela dupla;
forrar as paredes interiores com isolante, de modo a diminuir as pontes térmicas;
trocar um termoacumulador eléctrico por uma bomba de calor para a água quente;
ter pelo menos uma fonte de energia renovável em casa, tais como painéis solares.
O certificado energético valoriza mesmo a sua casa?
No entanto, todas as medidas que mencionamos acima exigem investimento. Por isso, se a ideia é vender ou alugar a casa, precisa de saber se vai recuperar esse investimento. Em 2014, a ADENE alertava que uma boa certificação energética podia valorizar o imóvel em cerca de 15%. Sem dúvida, este tipo de valorização excedia os custos com qualquer tipo de obra de melhoria.
No entanto, já se passaram 10 anos e há cada vez mais casas com bons certificados energéticos no mercado. Por isso, tentei procurar dados mais actuais. Um estudo feito em 2020 na cidade do Porto determinou que não se pode verificar uma relação directa entre o preço do imóvel e o certificado A, B ou E nas freguesias do centro. No entanto, os certificados C, D ou F são relevantes e têm um impacto negativo no preço do imóvel, que desvaloriza.
Atenção, porque isto não significa que os certificados A ou B não valorizem o imóvel. É possível que os imóveis com certificados A e B sejam imóveis mais recentes, cujo preço seria sempre mais elevado, e que portanto não sobe ainda mais por terem um bom certificado energético, por exemplo. Seria preciso um estudo mais aprofundado para chegar a verdadeiras conclusões.
(A título de curiosidade, trata-se de uma tese de mestrado em Engenharia Civil, com o título “Estudo do Impacto do Certificado Energético no Valor dos Imóveis”, por Diana Santos Mendes, publicada em Novembro de 2020 no Instituto Superior de Engenharia do Porto, ISEP.)
Portanto, sugiro olhar para as evidências empíricas de quem trabalha na área. Embora os factores que mais influenciam a compra das casas sejam a localização, tipologia e piso, o certificado energético é um atributo a ter em conta. Os potenciais compradores sabem que um imóvel com pior eficiência energética lhes vai custar mais no fim do ano e que, provavelmente, vai precisar de obras.
Os consultores imobiliários valorizam imóveis com um bom certificado energético e, em alguns bancos, até pode valer uma redução no spread.
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